(...)
"Mesmo sem a atenção, os elogios e o prazer evidente de seus familiares, teria sido impossível para Briony não escrever."
(...)
"Agora já havia deslanchado; e também encontrava satisfação em outros níveis; escrever histórias não apenas envolvia o segredo como também lhe proporcionava todos os prazeres da miniaturização. Era possível criar todo um mundo em cinco páginas, um mundo que dava mais prazer que uma fazenda em miniatura. A infância de um príncipe mimado era apresentada em meia página; um galope ao luar, passando por várias aldeias adormecidas, era uma só frase marcada por ênfases rítmicas; o ato de apaixonar-se cabia numa única palavra - um "olhar". As páginas de uma história recém terminada pareciam vibrar em sua mão, de tanta vida que continham. Também conseguia desse modo satisfazer sua paixão pela organização, pois o mundo caótico ficava exatamente como ela queria."
McEwan, Ian. Reparação. Tradução: Paulo Henriques Britto. 7a. Reimpressão. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.
Trechos citados: páginas 14, 15 e 16.
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