sexta-feira, 26 de junho de 2009

Universidade: a mercantilização do conhecimento e as exigências de produtividade

Há algum tempo já, tenho me irritado muito com as políticas de mercantilização das universidades que afetam demais o meio acadêmico e as possibilidades de sermos criativos, imaginativos e pensantes dentro das instituições de ensino.

As exigências de se produzir artigos, publicar, apresentar trabalhos em congressos, resumos em anais de congresso, tudo isso que entra na chamada produtividade que vai ser registrado no teu lattes e gerar "pontos" para o teu programa de pós-graduação, para teu orientador, e assim por diante, tudo isso me parece gerar uma desqualificação cada vez maior dos trabalhos que vemos por aí. As pessoas TEM QUE publicar, TEM QUE apresentar trabalhos. E daí a gente vê em congressos cada trabalho de "sair correndo e chorar no cantinho".

Sem falar em alguns professores que esquecem de ser professor, de ensinar e aprender, para se ocupar com papeladas, produtividade e os tais pontos no lattes. Algumas pessoas acabam não parando (literalmente) para pensar a educação, o difícil processo de ensinar/aprender, mas não esquecem da lista de produtividade que vai aparecer no relatório da capes.

A situação é muito preocupante pois mesmo que a gente nade contra a corrente, mais cedo ou mais tarde, nos deparamos com as conseqüências desse sistema mercadológico de produção de conhecimento. Em concursos para professor, como o da prefeitura de Porto Alegre, por exemplo, a prova de títulos não pontua em nada a experiência em sala de aula, mas títulos de especialização, mestrado e doutorado e publicação de artigos. Quer dizer, o saber da experiência, do estar lá, do pó de giz nas mãos e nas roupas, a voz enfraquecida, isso não vale mais nada.

Mas essa semana, por causa de um post do Marco no RS Urgente, tive a boa surpresa de ver que tem mais gente indignada com isso. Ele postou na íntegra um artigo de Olgária Mattos, professora de Filosofia da USP, que saiu na Carta Maior. É o Mal-Estar na Universidade.
Vale a pena ler. E pensar nisso.
Mesmo que não gere um artigo em uma revista com um "bom qualis" e nem te dê "pontos" no lattes.

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