As exigências de se produzir artigos, publicar, apresentar trabalhos em congressos, resumos em anais de congresso, tudo isso que entra na chamada produtividade que vai ser registrado no teu lattes e gerar "pontos" para o teu programa de pós-graduação, para teu orientador, e assim por diante, tudo isso me parece gerar uma desqualificação cada vez maior dos trabalhos que vemos por aí. As pessoas TEM QUE publicar, TEM QUE apresentar trabalhos. E daí a gente vê em congressos cada trabalho de "sair correndo e chorar no cantinho".
Sem falar em alguns professores que esquecem de ser professor, de ensinar e aprender, para se ocupar com papeladas, produtividade e os tais pontos no lattes. Algumas pessoas acabam não parando (literalmente) para pensar a educação, o difícil processo de ensinar/aprender, mas não esquecem da lista de produtividade que vai aparecer no relatório da capes.
A situação é muito preocupante pois mesmo que a gente nade contra a corrente, mais cedo ou mais tarde, nos deparamos com as conseqüências desse sistema mercadológico de produção de conhecimento. Em concursos para professor, como o da prefeitura de Porto Alegre, por exemplo, a prova de títulos não pontua em nada a experiência em sala de aula, mas títulos de especialização, mestrado e doutorado e publicação de artigos. Quer dizer, o saber da experiência, do estar lá, do pó de giz nas mãos e nas roupas, a voz enfraquecida, isso não vale mais nada.
Mas essa semana, por causa de um post do Marco no RS Urgente, tive a boa surpresa de ver que tem mais gente indignada com isso. Ele postou na íntegra um artigo de Olgária Mattos, professora de Filosofia da USP, que saiu na Carta Maior. É o Mal-Estar na Universidade.
Vale a pena ler. E pensar nisso.
Mesmo que não gere um artigo em uma revista com um "bom qualis" e nem te dê "pontos" no lattes.
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