quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Simpósio sobre gêneros textuais (ou gêneros discursivos?)

Semana passada, participei de um congresso internacional em Caxias do Sul, o V SIGET, Simpósio Internacional de Estudos de Gêneros Textuais. Foi uma experiência muito legal!
Além da adorável viagem com minha amiga Gabi Bulla, tivemos vivências acadêmicas bem intensas.

Acho que o mais produtivo do congresso foi o encontro com a multiplicidade que está implicada no conceito de gênero e nas diversas abordagens teórico-metodológicas que tratam da questão, muitas delas contempladas na programação do evento. Como foi apontado inclusive por alguns participantes, definir gêneros textuais no nome do congresso já indica uma visão do tema e um enfoque, mais precisamente da Linguística Textual. Pesquisadores que adotam uma abordagem bakhtiniana, por exemplo, vão chamar de Gêneros do Discurso o objeto a ser tratado. Se por um lado esse multiplicidade é muito legal por dar direito a pesquisadores e educadores conhecer e aprofundar-se nas diferentes visões, por outro, pode gerar confusões e dúvidas.

Pessoalmente, acabo sempre achando isso bom, sair com mais dúvidas do que certezas. Acho que é isso mesmo que um encontro acadêmico deve proporcionar. Mas daí voltamos do congresso nos perguntando: e aí, o que é gênero afinal?
É meio que desconfortável, acreditem. E a pergunta continua sem resposta. E pior, se entrelaça com outras: como ensinar gêneros? como pesquisá-los? qual a relação de gênero com letramento?
Essas são as dúvidas mais sérias. Mas ainda incluem bizarrices como: afinal, os pcn's são "do bem" ou "do mal"? Fizeram um desserviço apresentando os gêneros da maneira em que eles aparecem? Livro didático também é "do mal" e é impossível ensinar gênero por meio deles?
Isso que nem cheguei nos gêneros digitais. Esses são piores ainda. Tem gente que diz que nem são gêneros, mas formas antigas em um novo espaço, com o uso de novas ferramentas. Blog, por exemplo, é um gênero ou não? A melhor resposta que obtive para isso até agora é: depende da tua concepção de gênero (Valeu, Nívea!). Ainda não sei.

Admito que toda essa confusão foi produtiva porque tenho pensado muito nisso, tentando elaborar aqui e ali, juntando coisas para escrever meu projeto de doutorado, tentado solucionar alguns pontos que praticamente parecem quebra-cabeças. Mas não é pra isso que a gente escolhe essa vida acadêmica?

Vou fazer outros posts sobre o tema (ou temas abordados) e sobre o congresso em si. Certo que não termina aqui. A discussão vai longe, assim como as dores de cabeça. Mas, no final, vale a pena.

2 comentários:

Luanda Sito disse...

Oi, Lia!
Como vai, minha linda?
Bem, quanto a tua pergunta sobre a relação entre gênero e letramento, acho que a tese de meu colega Clécio Bunzen pode te ajudar. Ela chama "Dinâmicas discursivas na aula de Português: usos do livro didático e projetos didáticos autorais". Ele discute isso analisando o LD em sala de ala.
Acho que logo deve estar no site, mas tbm posso pedir a ele se quiser.
Bjs

Lia Schulz disse...

Querida!
To a mil por aqui, escrevendo e elaborando idéias.
Obrigada pela participação e pela sugestão! Vou querer sim fazer essa leitura!
Bj