domingo, 11 de outubro de 2009

Escrita e internet

Tenho encontrado em vários artigos e postagens de blogs educacionais, comentários sobre resultados da pesquisa sobre escrita de estudantes norte-americanos do Stanford Study of Writing, coordenado pela pesquisadora Andrea Lunsford.

Uma das últimas postagens que li sobre o tema foi a do blog Mídias e Educação, que indica o artigo de Clive Thompson na revista Wired, em que o autor também comenta os resultados dessa pesquisa.

Embora seja no contexto norte-americano, acho que são ótimas notícias: os jovens de hoje escrevem mais do que as gerações anteriores, além de terem mais claro para quem se escreve e por que se está escrevendo (conclusões muito similares ao que encontrei em minha pesquisa sobre produção e de texto e uso de blogs como espaço de publicação).

Tal fato é muito difícil de se encarado pelos professores em geral, que ainda culpam o uso de tecnologias pelos jovens como fonte de produção de textos curtos, pobres e auto-centrados. Para Andrea Lunsford, trata-se de uma revolução no mundo da escrita, pois o uso de tecnologias não está acabando com a habilidade de escrever, mas modificando, reinventando e levando-a novos rumos.

Além de escreverem mais depois da internet, para a pesquisadora, o nível da prosa dos estudantes também melhorou consideravelmente, pois eles adaptam melhor seus textos de acordo com seus interlocutores e estão mais conscientes do que pode ser considerado um bom texto (algo que tenha um efeito no mundo, segundo definiram em entrevistas). Ou seja, os jovens estão discutindo, comentando filmes, se relacionando, fazendo coisas no mundo e não apenas escrevendo para serem avaliados pelo professor.

São excelentes notícias. Mas acho que também é necessária uma mudança nos educadores. Para que possamos ver o lado bonito dessa transformação na escrita, é preciso estar mais atentos e abertos a tais mudanças e deixar de lado os velhos preconceitos. É claro que viver um momento assim de virada de paradigmas mexe muito com quem quer simplesmente "escolarizar" os gêneros digitais para ter o poder de dizer o que está certo e errado. Mas olhando a cena maior, não é o que sempre quisemos (como professores de produção de textos, por exemplo)? Que nossos alunos pudessem se permitir usar a escrita e fazer coisas no mundo por meio dela?

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